"Fui catar lenha. Parece que vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato felicidade."
– Carolina Maria de Jesus. Quarto de Despejo, 1960.

A fome é uma carência, o desejo de algo que falta. Mas o que falta? Para o ser humano, sempre falta algo.

Ele vive uma busca incessante por alimentos que consigam sustentar a vida, a própria existência.

É uma carência que ultrapassa barreiras físicas e vem de dentro, daqueles vazios que, por vezes, mal sabíamos que estavam ali. A fome existencial pode ser entendida como o desejo de algo negado ao ser humano, mas que não deveria.

Neste especial multimídia, veremos a personificação de seis fomes: afeto, cidadania, cultura, educação, justiça e reconhecimento.

Cada uma dessas privações ajuda a compor o mosaico do amplo significado que a fome de existir pode assumir e que vai muito além da comida no prato.

Direitos garantidos na Constituição de 1988, e também na Declaração Universal dos Direitos Humanos, muitas vezes, se tornam letra-morta.

A fome é uma carência, o desejo de algo que falta. Mas o que falta? Para o ser humano, sempre falta algo.

Ele vive uma busca incessante por alimentos que consigam sustentar a vida, a própria existência.

É uma carência que ultrapassa barreiras físicas e vem de dentro, daqueles vazios que, por vezes, mal sabíamos que estavam ali. A fome existencial pode ser entendida como o desejo de algo negado ao ser humano, mas que não deveria.

Neste especial multimídia, veremos a personificação de seis fomes: afeto, cidadania, cultura, educação, justiça e reconhecimento.

Cada uma dessas privações ajuda a compor o mosaico do amplo significado que a fome de existir pode assumir e que vai muito além da comida no prato.

Direitos garantidos na Constituição de 1988, e também na Declaração Universal dos Direitos Humanos, muitas vezes, se tornam letra-morta.

"É natural ao ser humano essa fome por várias outras coisas", explica Julia Mezarobba, psicóloga, mestre em Bioética, coordenadora do Núcleo de População em Situação de Rua e presidente da CCS (Comissão de Comunicação Social) do CRP-PR (Conselho Regional de Psicologia do Paraná) e integrante da CDH (Comissão de Direitos Humanos).

A questão é que essa procura incessante por preencher uma ausência nunca acaba, mesmo que se trate de um processo doloroso.

"O desejo nunca cessa. Porque o objeto do desejo é atualizado constantemente. Quando conseguimos obter o que era o nosso objeto de desejo, ele deixa de ser. Mas o desejo nunca se concretiza na nossa vida, seguimos em uma incessante busca, é algo que nunca se esgota. Porque ele é a fonte do seu próprio conteúdo".

- Julia Mezarobba

Um dos maiores exemplos dessa fome que não cessa foi Carolina Maria de Jesus.

Mulher negra, mãe solo, catadora de papel e escritora, ela descreveu os problemas da favela do Canindé no best-seller "Quarto de despejo: diário de uma favelada", lançado em 1960.

Sua vida-escrita registrou as marcas deixadas pela fome biológica, mas também outros anseios que ela tinha, como o de ser reconhecida como poeta, o de se sentir feliz, o de ter acesso ao saneamento básico, o de proporcionar um estudo de qualidade para os filhos, e até o de ter um simples rádio, para escutar tango de manhã.

O alimento que faltava à Carolina e aos filhos era muito mais do que aquele vendido nas prateleiras do supermercado.

A escritora tinha o desejo de validar a permanência de sua família.

Simplesmente existir.